sábado, 12 de janeiro de 2013
Entrevista pro site "Jornal Copacabana"
Ana Raio e Zé Trovão, Sonho Meu, Renascer, Quatro por Quatro, Os Maias, Senhora do Destino, Caminhos do Coração, Os Mutantes e recentemente Vidas em Jogo, são apenas algumas das novelas em que Leonardo Vieira atuou. Seja para trabalhar em televisão, teatro ou cinema, ele acredita que o importante é estudar sempre, e se vê em um momento de redescoberta profissional. Com 22 anos de carreira, o galã contratado pela Rede Record, aguarda um novo trabalho pela emissora e divide seu tempo entre o estudo, trabalhos sociais e encontros com os amigos. É aí que o morador do Leblon deixa sua casa e vem para Copacabana, mas a identificação com o bairro não é só essa! Saiba mais sobre Leonardo Vieira na entrevista ao Jornal Copacabana.
Jornal Copacabana: A novela Vidas em Jogo acabou. Seu personagem, Ernesto, criou algumas confusões, fez maldades, no final viaja para Argentina. Acredita que foi justo?
Leonardo Vieira: Ficou meio confuso, tem gente que acha que ele viajou, outros acreditam que não. Ficaram dúvidas como: - ele era bom, era mau? Acho que ele era um ser humano, que cometeu erros. A gente é bom e mau... Achei isso legal no Ernesto, essa humanidade. Trabalhei o personagem baseado nisso. Comecei a ver ele por esse lado. A maldade que fez, foi julgado e pagou.
Na trama ele matou um homem por auto-defesa, mas não se falou mais nisso. De qualquer maneira era um homem que matou outro. A história se voltou para o ciúme que sentia da Divina (Vanessa Gerbelli) com o ex-marido dela, Severino (Paulo César Grande) e ele acabou mesmo só falando que ia para Argentina, mas ficou lá com a família, não viajou. (risos). Tiveram cenas engraçadas, foi divertido fazer o Ernesto!
Sou ator. O texto que me dão, faço com dignidade. Adoro o meu trabalho, sobretudo!
J.C.: É contratado da Record. Com o fim da novela, tem um novo trabalho previsto?
L.V.: Ainda não.
J.C.: Sua aparição mais recente no cinema foi em 2004 (O Vestido), no teatro em 2002 com Arlequim! Com a possível pausa na emissora, pensa em voltar ao teatro ou cinema?
L.V.: Tem muito tempo! Meu último espetáculo posso dizer que foi Bodas de Sangue, em 2009, com direção do Amir Haddad, no espaço Tom Jobim. Participei de todo o processo e acabei não estreando. Mas estou na ficha técnica! (risos).
A verdade é que não paro de estudar. Estou sempre lendo vários livros, peças, ao mesmo tempo... Não consigo ficar de férias. Minha cabeça não para um minuto. Sempre quero conhecer novos autores, nunca paro de buscar conhecimento.
J.C.: É algo que ajuda na profissão também!
L.V.: Vou em busca do conhecimento para poder escolher, para ter opções. Para saber o que eu quero fazer. Parece que estou em uma fase de descobertas... Uma redescoberta.
J.C.: Depois de 22 anos de carreira você está se redescobrindo profissionalmente? Como é isso? Está pensando em mudar de área ou se reposicionar dentro da que atua?
L.V.: (risos). Nunca produzi. Quero me reposicionar, redescobrir, fazer o que quero, o que curto. E esse é o momento mais difícil: da escolha. O que eu quero fazer? O que quero falar? Sei que uma hora a oportunidade vai chegar, não tenho pressa. Até porque estou trabalhando, não estou “comendo mosca”.
Estou melhorando cada vez mais o meu inglês, que é importante, posso ler mais. Muito da literatura para o ator está em outras línguas, não tem tradução. Com o inglês tenho uma possibilidade infinita de leitura.
Claro que, independente da escolha que faça, vou continuar fazendo meu trabalho na televisão, sempre, não tem jeito... (risos).
J.C.: Você despontou para o grande público em 1993 com o personagem José Inocêncio na novela Renascer, da Rede Globo. Foi um personagem importante? Tem esses personagens que ficam, que você não esquece?
L.V.: Tem, claro! Muito bom... 93! (risos). Eles ficam na memória! Eu me desgarro do personagem, mas tem uns que impregnam a alma, o ser, as coisas em volta, a roupa, o cabelo, a vida... Quando é muito forte, intenso, feito com muita dedicação... Ator é meio maluquinho, né? De repente, resolve entrar num mundo, investigar o mundo de uma outra criatura, e vivenciar. E para isso precisa investigar muitas coisas, por exemplo o que leva uma criatura a se matar. O personagem que me deu mais essa experiência foi o Pedro da Maia (da minissérie Os Maias, da Rede Globo).
Tem outros que eu adoro, que foram importantes: o José Inocêncio, que foi minha estréia na Globo, e foi muito difícil, era o meu primeiro trabalho, eu era um garoto de 24 anos, inexperiente, fazendo um grande personagem na televisão. Era muito trabalhoso, muito texto, cenas difíceis, nunca tinha tido contato com aquilo tudo até então. Tinha feito Oficina de Atores da TV Globo e pequenas participações. Foi difícil por tudo que tive que enfrentar... Então tenho na memória, é inesquecível e tenho grande recordação.
O último é o que está latente, é o queridinho da vez: o Ernesto, que me diverti muito fazendo, foi super prazeroso.
Tem uns de cinema também, que são bem gostosos de fazer... Tem o Mateus, do filme Veias e Vinhos, do João Batista de Andrade... O personagem é legal, o filme é bom. Pouca gente viu, o que é uma pena.
No teatro, nessas últimas vezes, foi Cano Goldoni, Moliére, a comédia francesa, italiana... Personagem é meio que nem filho, mas você não precisa levar a vida inteira. (risos).
É bom porque a gente se entrega de verdade, traz da nossa memória emotiva coisas para o personagem também. A última cena do Ernesto terminando com a Divina, foram tantos finais de relacionamentos que vieram na minha cabeça... Coisas que aconteceram comigo... Os personagens ajudam a gente a crescer, quebram preconceitos.
Ao mesmo tempo tenho o terceiro olho, consigo ver de fora e perder o envolvimento. O ator tem que ter essa inteligência.
J.C.: Tem preferência por teatro, televisão ou cinema?
L.V.: Adoro fazer os três. Teatro me dá uma coisa, um sentimento que é afetivo, gostoso, quente, acolhedor. Por isso me sinto muito bem, o espaço propicia, a troca com as pessoas também... É maravilhoso, adoro! E me traz uma lembrança da infância, das vezes que fiz teatro e como foi bom...
J.C.: Fazia teatro antes do curso de atores da Globo? Como descobriu esse dom?
L.V.: Na verdade não descobri, foi naturalmente. Minha mãe diz que me levava ao teatro e devia mesmo levar! (risos). Lembro que no meu aniversário sempre tinha teatro de bonecos, isso era muito forte. Depois na escola... Não sentia nada, foi vindo... De repente “teatro” vira uma palavra que você percebe que gosta! E onde tem essa palavra você quer estar! (risos). Um amigo falava: - tem um curso de teatro que vai começar no Santo Inácio, você quer fazer? – Claro, quero! Na hora! Mãe, posso fazer curso de teatro? Fiz o curso. (risos).
Começou com a ginástica olímpica, depois fiz acrobacia... As coisas foram se somando, se construindo. Até a estréia para o grande público em 1993, existe um Leonardo envolvido e fascinado com isso desde pequenininho. E tive a sorte de encontrar pessoas que foram minhas fadas madrinhas ao longo da vida, como Celso Lemos, que infelizmente não está mais vivo. Quando saí da escola de teatro foi o primeiro cara que falou: - quero que o Leonardo faça o Lancelot! Ele era o diretor de Rei Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda, um espetáculo lindo! Tinha ganhado cinco prêmios Coca-Cola de Teatro Infantil... O Edson Fieschi foi fazer a novela Meu Bem, Meu Mal e eu o substitui no teatro. Se não fosse o Celso eu não teria feito Rei Artur e estreado no teatro profissionalmente, ganhando dinheiro! (risos).
J.C.: Foi aí que viu que poderia trabalhar com isso?
L.V.: Assim que me formei na Faculdade da Cidade, no curso com supervisão da Bia Lessa, fiz a novela Ana Raio e Zé Trovão, que foi antes de estrear no teatro.
O Edson Fieschi também foi muito importante na minha carreira, Duse Nacaratti, que não estava no começo, mas foi uma fada em uma fase da minha vida, Miguel Falabella, Amir Hadad, que tem sido muito importante... Desde O Mambembe, é um aprendizado sempre com ele...
J.C.: Além de atuar você é engajado em um movimento social, Humanos Direitos. Fale sobre ele e sua participação?
L.V.: Foi uma coisa muito linda que aconteceu na minha vida. A Cristina Pereira ligou falando sobre um grupo que eu gostaria de conhecer. Me deu o telefone do Padre Ricardo Resende, da paróquia do Leme e fui no encontro que estava acontecendo. Era no comecinho... Formamos a organização, o nome... E nasceu o MHuD – Movimento Humanos Direitos, criado pelo padre, ele é a alma do movimento. Um grupo de atores, jornalistas, cartunistas, produtores, religiosos, que luta pelos direitos humanos, principalmente com relação ao trabalho escravo, mas também trabalha com os índios, exploração sexual infantil... O foco e a área que eu atuo é o trabalho escravo. Vamos à Brasília falar com Ministros, vamos ao Pará apoiar um julgamento relacionado à causa... Ajudo, também, atraindo a mídia. Já tivemos muitos resultados positivos, mas é um trabalho difícil. Acho que é uma forma de contribuir para um mundo melhor, além dos atos do dia-a-dia. Uso minha imagem de ator para o meu trabalho como cidadão.
J.C.: Vamos falar de Copacabana. O bairro foi um centro de referência cultural durante anos. Julga importante a reabertura do Cine Joia e do Teatro Tereza Rachel? Como ator é uma esperança de novos tempos áureos para Copacabana?
L.V.: Acho que sim. Com a perspectiva do Rio de Janeiro para 2014 e 2016, Copacabana é o nosso cartão postal! Tem que ser cuidado como uma joia. E uma cidade que é uma joia tem teatro, cinema, galerias de arte, museus, casas de show, conhecimento! Tem que ter vida cultural. O Rio de Janeiro ficou abandonado e Copacabana foi o reflexo disso... Ela é a ponta de lança do Rio.
J.C.: Morador do Leblon, o que Copacabana representa na sua vida?
L.V.: Eu sou carioca, né? (pausa) Isso, em si, já me associa a Copacabana! É um bairro que faz parte da alma do carioca! É a alma do Carioca! Adoro!
Pequeno, lembro que meu pai levava a gente à praia no Posto 6. Bem diferente do que é hoje... Há uns 40 anos... (risos). Ele serviu no Forte de Copacabana, saiu de lá tenente! Eu tenho uma ligação familiar com o bairro! (risos).
Gosto do mix que tem nas ruas, gosto das pessoas...
J.C.: O que costuma fazer em Copacabana?
L.V: Tenho amigos, costumo visitá-los sempre. Várias vezes assistimos filmes da Paradise, faço acupuntura em um centro ótimo, em Copacabana... Gosto de comprar no Shopping dos Antiquários, tem uns móveis lindos, lustres...
J.C.: Léo, deixe seu recado aos leitores do Jornal Copacabana.
L.V.: Amigos de Copacabana é um prazer poder falar um pouco da minha vida para vocês. Muito bom poder ter essa conversa com minha amiga Renata, essa jornalista que vos escreve... Copacabana é a alma do carioca, vamos dignificá-la!
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A equipe do Jornal Copacabana solidariza com você.
ResponderExcluirLeo Vieira, artista talentoso que tantas alegrias e sentimentos vem passando pela telinha e teatro.
Você está acima dessa sujeira hipócrita chamada homofobia.
Vivas ao ator!
Vivas a sua arte!